AO GOSTO DOS ANJOS III
AUGUSTO DOS ANJOS - DÚVIDA OU CERTEZA
-Erymá Carneiro, Guarda livro auditor, advogado e Professor, por ocasião do centenário de nascimento de Augusto dos Anjos, escreveu a meu convite um artigo em que fala sobre o Grêmio Lítero Augusto dos Anjos, do qual participou, inédito movimento de jovens, orientados pelo escritor e professor Júlio Ferreira Caboclo, onde realizam encontro de estudos, saraus literários e outras manifestações sobre o poeta do EU . Este artigo de Erymá Carneiro foi publicado no Almanack d'Arrebol, edição especial comemorativa do centenário de nascimento de Augusto em 1984.
Recentemente fiz doação ao Museu Espaço dos Anjos de manuscritos inéditos de Guilherme Fialho A dos Anjos, registros em áudio, textos e outros afins guardados e colecionados, todos de interesse do Espaço. Deixei-os assim sob os cuidados de sua dedicada diretora Zezé Salles para serem incorporados ao patrimônio desta casa.
2024 12 de novembro – 110 anos de seu falecimento
Alguns dias atrás deparei-me na rede social com postagem e divulgação parcial de “rara” fotografia, onde se afirma estar presente nela o poeta Augusto dos Anjos. Nessa informação, considerada por mim mais incorreta do que leviana, há um grande equívoco, pois não se trata da presença de Augusto dos Anjos, o poeta, em um evento. A fotografia retrata uma reunião com alunos e simpatizantes, em acomodações do Ginásio Leopoldinense, mais propriamente do Grêmio Lítero Artístico Augusto dos Anjos, fundado em 1925, pelo professor amazonense Júlio Ferreira Caboclo e alunos do Ginásio Leopoldinense, onde pode-se afirmar, com toda certeza, ter sido essa a primeira manifestação “positiva” registrada, em honra e reconhecimento ao “valor” do singular poeta do EU na literatura nacional. Após o falecimento do poeta em 12 de novembro de 1914, na cidade de Leopoldina, sua pessoa e a força de sua poesia nunca saíram de evidência nas rodas populares e intelectuais da época, onde era e é muito estimado. A referida foto, de 1925, foi postada incompleta, com parte suprimida à direita, justo onde se encontra o professor Caboclo sentado à mesa, diante de alunos, vestindo tradicional terno de linho Escocês S-120, branco. O professor “Caboclinho”, como era carinhosamente tratado, algum tempo após a morte de Augusto dos Anjos, casou-se com a viúva D. Esther, professora muito estimada na cidade, acolhendo com afeto os dois filhos deixados por Augusto: Guilherme e Glória. Elementar: se Augusto falecera em 1914, onze anos transcorridos, não poderia estar presente em 1925. Desacertos toscos como este, frutos de imaginação fértil, só se prestam a levantar névoas desconexas. Todas os registros fotográficos que se conhecem são apenas estes que circulam e há também muito pouco de evidências materiais e objetos pessoais que restaram, não há nada a acrescentar ao que já se tem ciência. Segundo Guilherme Augusto dos Anjos, em correspondência endereçada a mim, " O poeta certa vez, ao tentar elaborar um soneto a respeito do tema filosófico Dúvida ou Certeza: "Eu sou o abandonado da certeza", ficou apenas nesse decassílabo", não dando sequência à ideia. Eu, então, acrescento: equívocos biográficos, frutos de imaginação, não devem interferir de forma a causar dúvidas na biografia, na obra e no singular e escasso espólio material do poeta.
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Foto publicada no Almanaque do Arrebol, edição especial comemorativa 100 anos nascimento de Augusto dos Anjos. |
Alguns dias atrás deparei-me na rede social com postagem e divulgação parcial de “rara” fotografia, onde se afirma estar presente nela o poeta Augusto dos Anjos. Nessa informação, considerada por mim mais incorreta do que leviana, há um grande equívoco, pois não se trata da presença de Augusto dos Anjos, o poeta, em um evento. A fotografia retrata uma reunião com alunos e simpatizantes, em acomodações do Ginásio Leopoldinense, mais propriamente do Grêmio Lítero Artístico Augusto dos Anjos, fundado em 1925, pelo professor amazonense Júlio Ferreira Caboclo e alunos do Ginásio Leopoldinense, onde pode-se afirmar, com toda certeza, ter sido essa a primeira manifestação “positiva” registrada, em honra e reconhecimento ao “valor” do singular poeta do EU na literatura nacional. Após o falecimento do poeta em 12 de novembro de 1914, na cidade de Leopoldina, sua pessoa e a força de sua poesia nunca saíram de evidência nas rodas populares e intelectuais da época, onde era e é muito estimado. A referida foto, de 1925, foi postada incompleta, com parte suprimida à direita, justo onde se encontra o professor Caboclo sentado à mesa, diante de alunos, vestindo tradicional terno de linho Escocês S-120, branco. O professor “Caboclinho”, como era carinhosamente tratado, algum tempo após a morte de Augusto dos Anjos, casou-se com a viúva D. Esther, professora muito estimada na cidade, acolhendo com afeto os dois filhos deixados por Augusto: Guilherme e Glória. Elementar: se Augusto falecera em 1914, onze anos transcorridos, não poderia estar presente em 1925. Desacertos toscos como este, frutos de imaginação fértil, só se prestam a levantar névoas desconexas. Todas os registros fotográficos que se conhecem são apenas estes que circulam e há também muito pouco de evidências materiais e objetos pessoais que restaram, não há nada a acrescentar ao que já se tem ciência. Segundo Guilherme Augusto dos Anjos, em correspondência endereçada a mim, " O poeta certa vez, ao tentar elaborar um soneto a respeito do tema filosófico Dúvida ou Certeza: "Eu sou o abandonado da certeza", ficou apenas nesse decassílabo", não dando sequência à ideia. Eu, então, acrescento: equívocos biográficos, frutos de imaginação, não devem interferir de forma a causar dúvidas na biografia, na obra e no singular e escasso espólio material do poeta.
-Erymá Carneiro, Guarda livro auditor, advogado e Professor, por ocasião do centenário de nascimento de Augusto dos Anjos, escreveu a meu convite um artigo em que fala sobre o Grêmio Lítero Augusto dos Anjos, do qual participou, inédito movimento de jovens, orientados pelo escritor e professor Júlio Ferreira Caboclo, onde realizam encontro de estudos, saraus literários e outras manifestações sobre o poeta do EU . Este artigo de Erymá Carneiro foi publicado no Almanack d'Arrebol, edição especial comemorativa do centenário de nascimento de Augusto em 1984.
A primeira diretoria do Gremio Lítero Artístico Augusto dos Anjos teve como presidente o jovem idealista Dr. Jacyr Fonseca, promotor da comarca de leopoldina. Amante das letras, era também poeta e jornalista e teve a função de organizar e formalizar a agremiação recém- fundada.
Recentemente fiz doação ao Museu Espaço dos Anjos de manuscritos inéditos de Guilherme Fialho A dos Anjos, registros em áudio, textos e outros afins guardados e colecionados, todos de interesse do Espaço. Deixei-os assim sob os cuidados de sua dedicada diretora Zezé Salles para serem incorporados ao patrimônio desta casa.
Elias Abrahim Neto
12 de dezembro de 2024
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