FEIJÃO ELÉTRICO BREJEIRO - "MIX-CELÂNEAS"


FEIJÃO ELÉTRICO BREJEIRO

“ Mix - celâneas”

     A cidade perde suas últimas extensões de brejos em que coaxam rãs, dando lugar a empreendimentos imobiliários. Nossa água está secando, não bastasse a indução de eucaliptos que altera a biodiversidade do ecossistema.
     
O brasão do município (quem o idealizou?) ostenta lado a lado um ramo de milho e outro de arroz; abaixo, o feijão “orgânico” repousa no caldeirão de alquimia sobre*brasas dormidas, tradição de fartura agrícola.

      Com o ciclo da natureza modificado, o nosso feijão tropeiro orgânico agora é transgênico e cibernético. 

       Em nosso vale, berço esplêndido cercado por morros, destaca-se o monolito da cruz, que nos faz sentir mais próximo das estrelas. No córrego, que nasce desses altos, urubus buscam a carniça e dejetos lançados em suas águas, numa dança frenética disputada com ratazanas; em seu curso, vai cortando nossa aldeia, exalando o fedor da transgenia bacteriana... com a permissão do poeta.

       Em alusão ao feijão cru, nestes tempos de crise geral, sugerimos uma feijoada cultural, servida com fartura à nossa gente carente, tanto de alimento quanto de cultura e arte (Mens Agitat Molen). Daí “Feijão Elétrico Brejeiro” – a “Mix celânea” geral.

       Nossas tribos confraternizam-se em expressões diversificadas, em intervenções culturais e artísticas. Projetos surgem, frutos do idealismo juvenil, patrimônios e monumentos de nosso amanhã. Na matemática imperfeita da política, a equação do cinismo é irrelevante frente ao nosso sentimento de cidadania e civilidade.

       Numa inversão de valores, escaneados pela cidade, atos de delinquências, vandalismos desrespeitos com o bem público, pichações e depredações insanas.

       Quiçá possamos alterar essa desordem de coisas! Gentileza gera gentileza e que ela possa ser praticada e compartilhada por todas as tribos de nossa aldeia.

       Nosso feijão é Mágico, é Elétrico e é Brejeiro.

                                                     Elias Abrahim Neto         

* Brasa dormida – Humberto Mauro 1928




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