O CÍTRICO SABOR DOCE EM “ROÇA GRANDE”
Humberto Mauro 1897 a 1983 |
O CÍTRICO SABOR DOCE EM “ROÇA GRANDE”
Por Elias Abrahim Neto
Ao ler o belo texto do amigo Plínio Alvim, sobre o filme dirigido por Alex Viany com roteiro de Humberto Mauro e Miguel Borges, o da “A noiva a cidade”,que teve como locação alguns lugares de nossa região, me vem à lembrança um passeio informal que fiz à Volta Grande, carinhosamente chamada por Humberto Mauro de “Roça Grande”.
Em uma manhã de domingo, pelos idos 1970, em uma hospedaria, num sobrado localizado na praça central, fiz meu desjejum, que me foi servido por uma gentil e atenciosa senhora, cujo nome me foge à memória ,proprietária do lugar, que colocou à mesa diversos quitutes caseiros, biscoito de nata, pão de queijo, broinhas de milho... Após saborear o delicioso café, me dispus a passear pelas ruas da pacata cidade e busquei informações sobre a residência de Humberto ,pois soube que ele lá estava . Indo ao seu encontro, me deparei com uma bela chácara, e por ele mesmo fui recebido.
Ao me apresentar a ele, fui convidado para entrar, tendo sido recepcionado com imensa cordialidade. Mauro gostava do convívio com jovens, de uma boa prosa. Tinha eu uns vinte e poucos anos e ostentava todo o viço da juventude. Falou de amenidades, pouco de cinema, salvo uma ligeira menção a seus troféus e homenagens, que não foram poucas, falou de sua passagem pelo Ginásio Leopoldinense.
Naquela altura da vida, dizia ele, aguardava o inevitável desfecho do derradeiro roteiro de sua passagem por esta terra. Esse roteiro ele jamais escreveria.
Infelizmente, à época, não me importava com suvenir e o que me restou foi a lembrança de uma calorosa acolhida, uma audição de comunicação de rádio amador e, finalmente, a degustação de um delicioso Cointreau fabricado artesanalmente pelo próprio, acompanhado por minuciosa explanação sobre a elaboração do aperitivo a partir de um certo tipo de laranja, suspenso dentro de um pote de vidro contendo álcool de cereal,sem contato com o líquido, e gotejando afogado nos vapores etílicos. Demorava até seis meses para se extrair toda a essência desse saboroso licor .
Infelizmente, à época, não me importava com suvenir e o que me restou foi a lembrança de uma calorosa acolhida, uma audição de comunicação de rádio amador e, finalmente, a degustação de um delicioso Cointreau fabricado artesanalmente pelo próprio, acompanhado por minuciosa explanação sobre a elaboração do aperitivo a partir de um certo tipo de laranja, suspenso dentro de um pote de vidro contendo álcool de cereal,sem contato com o líquido, e gotejando afogado nos vapores etílicos. Demorava até seis meses para se extrair toda a essência desse saboroso licor .
Ainda hoje sinto o cítrico sabor doce, não enfastioso daquela morna manhã. Que pena!... Nenhuma foto! Não tinha levado qualquer câmera. Apenas me resta a memória desse encontro, o registro de tudo em minhas retinas.
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