RESGATE DA MEMÓRIA
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Floriano tinha problema de surdez e usava um aparelho
auditivo não só para escutar como também para não escutar e, quando não se
interessava por algum assunto ou quando se aborrecia com a molecada que pegava
no seu pé, desligava o aparelho.
Era o grande guardião do padrão de comportamento e das
pessoas. Sempre antenado ao que se passava ao redor, era intransigente quanto
aos desvios de conduta, às regras da moral e bons costumes, especialmente dos
namorados, com os quais era intolerante, intrometendo-se e desaprovando os “amassos”,
os quais considerava indecência, adotando uma postura de delator e afirmando
que iria dar ciência aos pais de tais atos libidinosos, vez que possuía os
dados familiares e o endereço de quase todos os jovens daquele tempo. Era o que
se pode chamar de “alcaguete”, ou pescoço, como se diz na gíria.
Também sabia do obituário da cidade, sabia de tudo o quanto
sua curiosidade demandava, enfim interessava-se por tudo que acontecia na
pequena cidade.
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Fotos arquivo Almanaque do Arrebol |
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