.. AGORA FOI A VEZ DO FERREIRA GULLAR
Agora
foi a vez do Ferreira Gullar...
Ferreira Gullar e José Gabriel - Foto arquivo de José Gabriel |
Esta semana, os meios de comunicação
divulgaram mais uma perda para a humanidade, nesses tempos cada vez mais
difíceis,,, Lá se vão nossos líderes, parece que temendo o que está por vir, e
nos deixando ainda mais órfãos.
Mas o
Gullar não é imortal? Como poeta e membro da Academia, é o que dizem. Tomara!
Não podemos prescindir de sua sabedoria e de sua obra, ferramenta fundamental
para sobrevivência em tempos medíocres. Obra, aliás, que está ligada a de nosso
mestre Augusto. Ligada por que, se escreviam em diferentes estilos e temas e se
um era da Paraíba e o outro do Maranhão?
Parece que por um acidente de percurso,
pelo menos é o que diz o próprio poeta:
Estavam Gullar
e Darcy Ribeiro no exílio, no Peru, quando Gullar apresentou para Darcy alguns
poemas de Augusto dos Anjos, de cor. Darcy ficou encantado com o que não
conhecia e de quem até guardava certo preconceito. Sabendo que Gullar, como
exilado, estava sem dinheiro, aproveitou a primeira oportunidade de um editor
brasileiro que por lá passava e disse que Gullar escrevia um ensaio sobre
Augusto, sugerindo a edição e pedindo pra ele um adiantamento de U$100. Gullar,
que nem tinha pensado em escrever o suposto ensaio, se viu obrigado a fazê-lo e
acabou virando referência em estudos sobre Augusto. E, provavelmente por ser
essa referência, Gullar acabou vindo a Leopoldina, para uma palestra no CEFET,
em 2011, ocasião dos 20 anos do Concurso Augusto dos Anjos.
E foi a única vez que tive a honra de o
ver pessoalmente, com sua pele morena e cabelos brancos, muito lisos, aquele
senhor magro, nos 80 anos de pura sabedoria, a esperar por um longo tempo a
chegada do prefeito para iniciar sua palestra... Momento que, se não tivesse
sido coroado pela bela palestra, teria sido da mais pura tanto vergonha
alheia... Coisas de nossos políticos, fazer um homem daquele quilate esperar tanto para
ouvir seus blá,blá,blás. Mas, como dizia o Serginho, “isso é Leopoldina”.
E muito obrigado, Gullar, por mais aquele
momento de grandeza!
José Gabriel Viveiros Barbosa
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