CUTUBAS
LEÕES DE ÉBANO AO “RUGIR” DOS TAMBORES
O Clube do
Cutubas, fundado em 1º de janeiro de 1925, nasceu do cérebro de um operário, um
homem extraordinário, dotado de uma inteligência criativa, profissional
competente e respeitado pastor presbiteriano, Cândido Veloso. Presidente da
recém-fundada UBOL(União Beneficente Operária Leopoldinense), associou-se a
outros jovens idealistas com o intuito de criar um clube de lazer, destinado ao
entretenimento de seus familiares e dos negros da cidade de Leopoldina. As
primeiras reuniões e ensaios do Clube Cutubas foram realizadas na casa do Paulo
Açougueiro, empregado do açougue dos Bela, que residia no sítio do Domingão,
propriedade do Orfanato D. Lenita Junqueira. Após as reuniões no “Domingão”,
essas passaram a realizar-se na casa da mãe do Padeirinho, Alexandrina de
Souza, cujo objetivo era arquitetar as bases do clube ora idealizado. Depois,
transferiram-se para a casa do Adão Marcolino, na chácara do Virgílio Areia, na
Rua do Buraco, a atual Ruas das Flores. Daí, foram para o centro da cidade,
funcionando nas adjacências da Pç. Melo Viana, hoje Gama Cerqueira. No local,
prédio do cinema Brazil( grafia da época),à Rua Tiradentes(inicio), também por
algum tempo a sede da UBOL, onde posteriormente se instalou a alfaiataria do Sr
Capdeville, depois o bar do Onald e Casa Elite. Aí, então, provisoriamente
funcionou o Clube Cutubas, até a mudança
para o local comprado em 1934, onde foi
construída sua sede concluída em
janeiro de 1935.
Com instalações
precárias, o seu interior era composto de piso rústico, treliças de madeiras
como divisórias e tablados para acomodação das bandas.
Localizado entre
duas praças, Botelho Reis e Gama Cerqueira, conhecida como praça do Urubu,
segundo consta, o codinome foi dado por ser ela muito freqüentada pelos negros.
Outra versão é de que havia um matadouro
nas imediações, o que atraía os urubus.
Outras
curiosidades em relação ao Clube Cutubas dão conta, por exemplo, sobre o
contrato de compra do terreno, que foi elaborado por orientação inteligente e
constante de Cândido Augusto Veloso; Manoelzinho Carneiro, comerciante de
ferragens, foi o caixa do Clube nessa fase, até cumprirem todos os compromissos
assumidos com a compra do terreno; várias diretorias eram eleitas em comissões
que procuravam dar continuidade à vida do clube, destacando-se José Martins de
Oliveira e seus irmãos Francisco e Leopoldo, Sr. Belmiro e grandes lutadores
dirigentes que participaram ativamente da sedimentação do Clube.
Cutubas, berço de
manifestações afro-culturais, patrimônio da liberdade e identidade da raça da
cor do ébano, onde a força da união, em
busca de um ideal, se traduziu na obstinação perseverante do Leão de Xangô, sob
o rufar dos tambores nas montanhas das Gerais.
Cutubas, casa de
samba, embalada pelo simbolismo matriarcal da baiana Virgulina, tradução da
efusiva alegria dos carnavais. Posteriormente, Vitalino Duarte incorporou o
bonecão em seu bloco carnavalesco, acrescentando um “boi doido” vestido também
de chitão.
* Na heráldica ,o brasão do Clube ostenta o leão como símbolo central.
Por Elias Abrahim Neto, à partir de fragmentos de texto com depoimentos colhidos à época e publicado na Gazeta de Leopoldina, edição especial nº 642 comemorativa dos 90 anos , de 18 de abril de 1985.
Foto baiana Virgulina autor desconhecido, foto pipoqueiro não identificado , autor desconhecido, Reunião da diretoria do clube em 1985- foto Elias Abrahim Neto |
Fotos Elias Abrahim Neto 1985 |
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