EXILADOS DO FEIJÃO CRU - FLÁVIA RAMALHO

EXILADOS DO FEIJÃO CRU

FLÁVIA RAMALHO



Flávia Ramalho   foi colaboradora  do Almanaque do Arrebol em sua versão impressa, Ubaense de nascimento,Leopoldinense de coração, estudou e trabalhou em Leopoldina até 1991.

Dados biográficos fornecido por Anderson Gomes Ramalho

Leonina de agosto,   Flávia Maria Gomes Ramalho, mineira de Ubá.
Pais: José Ramalho e Maria José.
Formada em Filosofia, professora de História, teve alguns prêmios literários, já ganhou festival de música.
Já colaborou na imprensa inclusive fundando com alguns ex-alunos  um jornalzinho chamado “O Grilo”, que teve pouco tempo de vida, mas chegou a sair daquela fase dos planejamentos ...
Fez cartuns (Flavita).
Faz lutas mas é pacifista convicta.
Acredita no Verde e é uma saudosista inconformada.
Tem vontade de escrever um livro onde possa incluir de tudo um pouco, o que viveu e nos lugares por onde andou.
Hoje, formada em terapia Reichiniana , fez o curso de Medicina Oriental com formação Reichiniana.
Desde 1991 vive em Lisboa, Portugal,  como Terapeuta Corporal.








Querido Elias, beijos!
Não sei como escrever ou o "que escrever" para contribuir no renascimento do Almanaque!
- É uma grande responsabilidade, já que agora o almanaque é um quarentão! (Se não me falha a memória), pertence a grande época dos nossos ideais coletivos, fruto da produtiva revolução cultural dos anos 60/70 que para nós, apesar de chegar mais tarde, não deixou de chegar e alimentar muitos e bons sonhos de conscientização para um mundo melhor. Como bem disse o Sil: "O sonho foi bom pra quem sonhou".
Houve evidentemente alguns percursos menos conseguidos, mais triunfalistas do que realistas, entretanto como disse Samuel Beckett: ... "Falho, insisto... Torno a falhar, mas falho melhor". É um grande paradigma que trago comigo para o meu cotidiano, e desejo a toda humanidade; Ou seja, insistirmos contra o medo e todo o conformismo inerente a ele, ao mesmo tempo que exercitamos a responsabilização das nossas opções (algo que sempre todos tentam escapar). Viver para mim é mesmo isto; ousar realizar a criatividade das nossas ideias; desenvolver a nossa humanidade numa prática mais próxima possível do real.
A alienação, a espetacularização e a crescente desumanização do nosso presente, já denuncia estas ausências do nosso percurso cultural - durante décadas estivemos muito focados só na produtividade mercantilista e egocêntrica, no acumular para termos "visualidade" e no total desligamento da vida como um processo mais abrangente, onde poderíamos obter conforto necessário sem anularmos a importantíssima realização pessoal tão e unicamente feita pelo percurso livre de cada um de nós. Mas, quando digo livre, passa também pela liberdade de fazer escolhas, deter algum tipo de conhecimento intelectual, que nos desenvolva instrumentos para essa jornada de erros/acertos que é o viver. Daí, a importância para mim de vê-lo renascer, um "filho dos anos 60", que hoje mais do que nunca é preciso para quebrar através da cultura a homogenização trazida pela globalização para as gerações mais novas, que ainda idolatram nossos ídolos musicais, mas que desconhecem totalmente nossos embates ideológicos, uma vez que o tempo dessa geração é tão fluído que nada consegue sobreviver ao próximo "sucesso" mediatizado! - É para mim preocupante este diagnóstico, por isso faz-se muito importante nos tempos que correm resistirmos contra a novas formas de alienação, de dominação da conformação das desigualdades sociais, que esta mesma ausência de tomada de posição política/cívica, vai construindo e destruindo o projeto comunitário tão necessário a saúde do mundo como um todo. - Por tudo isso vale sempre a pena TENTAR!
Eu saí do Brasil em 1991, em busca de um conhecimento mais pessoal. Visando desenvolver em mim a pessoa que idealizava, mas que não conseguia realizar-se na limitação imposta por fatores externos. Era um Brasil de Collor, de ressaca com o excesso e frágil otimismo, sem perspectivas para um aprofundamento daquela angústia que aos poucos se instalava; tornei-me esta pessoa, nos embates destes 24 anos na Europa, que agora também está sucumbindo aos seus originais ideais. A antropofagia continua, mas eu já aprendi a SER e a RESISTIR. Só não abro mão da minha humanidade e compromisso com a VIDA REAL. Sucessos na nova jornada, querido amigo! Desculpe a forma como chego até você, peça à Terezinha para ajudar-me com a escrita, pois quase não a pratico. Hoje em dia leio muito mais do que escrevo! Mas foi prazeroso ser tão sincera com o que te escrevi.
Abraços afetuosos.
Cuide bem de TODOS!



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